Foto: Camila Cara
[texto de Mariana Colombino]
Ontem, o frontman do Pearl Jam, Eddie Vedder, fez seu primeiro show solo (de três), em São Paulo, no Citibank Hall.
Em um cenário que mais parecia um acampamento vintage e intimista, preenchido por vários instrumentos musicais, Eddie Vedder entrou em palco e mostrou por que é uma lenda viva do rock e da música. O vocal do Pearl Jam levou, sozinho, quase 2 horas e meia de show. Tocou guitarra, violão, ukulele, piano, fez percussão e arrasou na voz, como sempre. E por falar em voz, a potência vocal de Eddie Vedder é tão grande, que escutar um CD e ouvi-lo em um show, sem tratamentos sonoros, dá na mesma.
Contamos nos dedos vocalistas que realmente nos fazem suspirar ao vivo e Eddie, com certeza, é um deles.
Seu set list de 27 músicas mesclou sucessos da carreira solo, do Pearl Jam e covers, como Nine Inch Nails (Hurt), U2 (Bad), James Taylor (Millworker), The Clash (Should I Stay or Should I Go), Bob Dylan (Masters of War), John Lennon (Imagine) e Tom Petty (Wildflowers). E por falar em Tom Petty, Eddie Vedder citou, em tom triste e melancólico, que desde a sua última passagem pelo Brasil, 4 anos atrás, perdeu muitos irmãos, amigos e heróis que amava, deixando implícito também o nome de Chris Cornell, seu parceiro no projeto Temple of the Dog.
A abertura do show ficou por conta do irlandês, e amigo de Eddie, Glen Hansard, vocalista da banda The Frames, que também apareceu na apresentação de Vedder para tocar e cantar com ele.
Simpático, o vocalista do Pearl Jam serviu vinho para algumas pessoas da platéia, convidou uma menina para acender a fogueira do cenário, dedicou músicas a alguns fãs, brincou, filosofou e arranhou muito português, na companhia de sua conhecida folha de papel com a cola para os fãs brasileiros. Engajado nas causas sociais, ele também fez críticas a Trump, ao armamento e às mortes que acontecem todos os dias em algum canto do mundo.
Devido à “natureza intimista do show” era proibido filmar e fotografar (o que foi desobedecido na última música “Hard Sun”), que obrigou o público brasileiro, acostumado a assistir atrações pela tela do celular, a se dedicar integralmente ao espetáculo do palco. Os espectadores, na maioria apreciadores do rock, faziam força para bater e batucar com moderação. É difícil manter a compostura com um sucesso atrás do outro e uma voz tão envolvente.
O show causou emoção, seja pelo tom melancólico e reflexivo de Eddie Vedder ou pelo prazer de ouvir, ao vivo, uma das maiores (e melhores) vozes vivas da música.
Vida longa, Eddie!
