[Texto e Fotos – Pedro Vidal]
Viajar para lugares remotos e muito distantes é uma experiência encantadora, e ao contrário da concepção da grande maioria, é algo fácil, prazeroso e pouco perigoso de fazer.
Essas fotos são resultado de quase 2 meses de viagem pela região da Patagônia, um lugar magnífico e que intimida muita gente.
Tive o prazer de ter uma experiência ótima, conhecer pessoas incríveis, visitar lugares inacreditáveis e encarar momentos de estar sozinho no mundo ou, muitas vezes, perceber que não estamos só em momento algum.
A Patagônia é uma região muito famosa por suas paisagens de inverno e é um lugar bem receptivo com os visitantes. Os caminhos são claros e demarcados, as pessoas são prestativas, a comida é boa e os preços também. E, claro, tudo é muito bonito.
Existe um mito de que é necessário ter coragem e ser muito aventureiro para viajar para um lugar distante ou de “difícil acesso”. Muito frequentemente, vejo pessoas relatando na internet, em vídeos ou palestras, a braveza de ter explorado terras distantes.
A verdade é que, se você não está indo fazer algo como escalar o monte Everest, no geral, as viagens são muito pouco problemáticas. É óbvio que toda viagem pode ter seus imprevistos e dificuldades, mas nada que qualquer pessoa (com o mínimo de boa vontade) não possa superar.
No nosso dia a dia, já passamos por muitos imprevistos e a verdade é que eu prefiro perder o último ônibus numa cidade de 100 habitantes no sul da Argentina do que ter meu carro quebrado no meio da Marginal Tietê.
Para demonstrar essa falácia, do mito do viajante Valente, eu resolvi dar 7 dicas sobre viagens de aventura, que são realmente essenciais (e que você não vai escutar de quem se diz corajoso e explorador).
1. Não tenha medo
No geral, temos muito medo do desconhecido. Seja de um lugar diferente ou de uma situação inusitada que nunca encaramos antes. Mas este sentimento não transforma, de fato, algo em perigoso. Não se apegue a este pensamento, pois é pouco provável que você esteja explorando um lugar inexplorado.
O medo inibe sua experiência. Apoie-se em pessoas que já passaram pelo local que você está, fazendo a mesma coisa que você. Não encare a paisagem ao redor com hostilidade. Por mais isolado que ela seja, nada quer realmente causar danos à sua integridade.
2. Programe-se e pesquise, mas não se prepare
Não há necessidade de preparação, pois você não estará em um embate. Não encare seu passeio como um desafio. Pesquise, procure informações em centros turísticos e na internet, e seja consciente de suas capacidades e vontades. Não enxergue aquela caminhada como algo a ser vencido, ou aquela subida de montanha como um desafio a ser encarado.
Todo passeio é parte do lazer, um caminho a ser contemplado. A relação de sofrimento e recompensa é pra quem quer bater recordes. Viajar é descobrir, crescer e aprender.
3. Menos é mais
Leve o mínimo possível. É importante estar prevenido para situações de emergência, mas não se sobrecarregue com esta ideia.
Além do peso físico, o fato de levar muitas coisas gera a responsabilidade de saber lidar com elas e também gasto de energia desnecessário. Leve o essencial: roupas, acessórios, itens de higiene pessoal etc, e não perca seu tempo escolhendo, trocando e pensando demais.
4. Se perca
Esta dica é meio clichê, mas poucas pessoas realmente colocam isso em prática. Permita-se explorar os lugares além dos guias e pesquisas da internet. Misture-se com os locais para enxergá-los de outra maneira. Claro, seja responsável, respeite os espaços das pessoas e as leis, mas não tenha medo.
Tenho certeza que você conhece lugares da sua cidade que não estão listados nos guias de turismo. O mesmo acontece em todos os outros que visitamos.
5. Respeite os locais
Entenda que, por mais exótico ou inóspito que seja seu destino, existem pessoas, animais e vegetação que habitam aquele lugar. Para eles, o destino em questão não é exótico, mas sim uma moradia. Ver realidade e verdade nos lugares, respeitar os espaços e tradições os tornam ainda mais autênticos e especiais.
Se possível, misture-se e conheça as pessoas que vivem pelos locais que você está visitando. Se você agir com bons interesses e respeito, dificilmente elas serão pouco receptivas.
6. Viaje com pouca gente ou sozinho
Este conselho pode ser um pouco controverso e muita gente pode discordar. Mas a verdade é que viajar com um grupo de pessoas traz na bagagem um pedaço da sua identidade e zona de conforto. É fato que muita gente sente receio em viajar sozinha e prefere estar na companhia de conhecidos.
Mas a dica é: para tornar sua experiência mais imersiva, não se apoie o tempo todo no outro e não restrinja suas companhias. Permita-se misturar com pessoas novas e conhecer outras realidades.
7. Esqueça sua casa
Por mais breve que seja sua viagem, esqueça da onde você veio. Temos a mania de carregar nossa casa para todos os lugares e isto acontece de duas maneiras diferentes.
- Ficar dando satisfação por onde anda e se está bem, sem contar a necessidade de ficar postando nas redes sociais para compartilhar com deus e o mundo aquilo que só você está enxergando. Este hábito faz você viver a viagem de um ponto de vista estranho, que se importa com a reação externa, quando a interna é a que realmente deveria importar.
- Fazer comparações. Essa é a coisa mais chata e horrível que existe. Imagina se toda vez que você escutasse uma música nova, você mencionasse outra para falar sobre o grave, o agudo, a duração, a batida etc. Não faça isso com sua experiência. Abrace o novo. Comparar é definir algo como melhor ou pior e, de alguma forma, estabelecer limitações.
Viajar é contemplar, aprender e expandir. Uma das experiências mais incríveis que um ser-humano pode viver.
Se você viaja por algum motivo alheio ao conhecimento e à transformação pessoal, repense. Não deixe sua experiência ser reduzida por nenhum tipo de medo ou repreensão. Tão pouco por essas dicas. 🙂