Hoje em dia, muitas pessoas têm um hobby em comum: a fotografia. É fácil andar pelas ruas e vê-las com máquinas fotográficas clicando por ai. E não com as câmeras compactas que estávamos acostumados a ver, mas sim, máquinas boas.
Agora, viver de fotografia não é tão fácil assim. Como muitas das áreas relacionadas à arte, a fotografia ainda não é uma profissão tão valorizada no Brasil. Em muitos casos, é necessário ter uma extensa carga horária ou conciliar com outro tipo de trabalho.
O fotógrafo Giovani Ferracin respondeu algumas perguntas para o Artescétera, explicando sobre a profissão de fotógrafo no Brasil. Confira abaixo a entrevista e não deixe de seguir a gente nas redes sociais Facebook, Twitter e Instagram.
1- Como está o mercado fotográfico hoje no Brasil?
R: O mercado fotográfico no Brasil, financeiramente, está nivelado por baixo. Há muitos fotógrafos para pouca demanda de serviços, o que faz com que os novos entrantes cobrem valores absurdamente baixos para conseguir clientes, e os com mais tempo de estrada tenham que baixar seus preços para não perder clientes e conseguir pagar suas contas. Mas para quem já está no mercado há um bom tempo e tem nome pode ficar tranquilo, pois o lado bom desse ramo é que os clientes se fidelizam com uma grande frequência e não vai faltar serviço.
2- Já ouvi dizer que hoje em dia é fácil ser fotógrafo. Você compra uma câmera boa e vira um. Isso é verdade? O que você acha disso?
R: Não é fácil ser fotógrafo. É fácil sair clicando e cobrar por isso. Realmente, um grande problema que muitos fotógrafos de expressão estão sofrendo, é o fato dos avanços tecnológicos e da acessibilidade das pessoas a tudo isso. Hoje em dia, as câmeras semi-profissionais no mercado estão com preço bastante acessivo, e também, há muitos programas de edição de fotos na internet. Então a pessoa compra uma câmera boa, tira as fotos, muitas vezes no automático, onde a câmera calcula a exposição sozinha e mesmo que surja algum problema, a foto é tratada no programa de edição de imagens. A coisa está ficando tão absurda, que se você jogar no Google “Como ganhar dinheiro extra ou dinheiro fácil?” muito sites aconselham a comprar uma câmera e tirar fotos. Porém, para os olhos de alguns, as fotos estão boas, afinal, é uma câmera semi- profissional usada no modo automático. No caso de um fotógrafo de verdade, a foto, com certeza, sairia muito melhor, sem contar na garantia que o cliente tem com o fotógrafo de renome. Infelizmente, muitos não ligam pra isso, se contentam com a foto “boazinha”, sem um conteúdo artístico, pois irão pagar pouco por ela.
3- Quais os requisitos para ser um bom fotógrafo?
R: Muito estudo, muita prática e mais importante: amor no que se faz. Não basta apenas comprar uma câmera e sair tirando milhares de fotos, como também não adianta se formar em fotografia e achar que já é fotógrafo. Todo bom fotógrafo precisa ter conhecimento sobre luz e sombra, sobre como dirigir uma modelo, sobre história da fotografia, então, estudo é fundamental. E muita prática, pois para o fotógrafo tirar fotos mais que perfeitas, ele precisa ter um conhecimento total de seu equipamento, e como a maioria dos fotógrafos são empreendedores, eles precisam saber publicar seu trabalho, prospectar clientes, calcular custos para saber o quanto vai cobrar e o atendimento ao cliente, que é uma coisa que conta muito, pois lhe fidelizará este cliente por um longo tempo. Sabendo tudo isso, basta ele confiar no amor à fotografia, que isso lhe trará um futuro próspero nessa área, pois esse sim é um trabalho apaixonante.
4- Os fotógrafos amadores são uma ameaça para os fotógrafos profissionais?
R: O problema não são os fotógrafos amadores que querem se tornar profissionais, o problema são aqueles fotógrafos de finais de semana, já que estes quase não tem custo para fazer determinado trabalho e pode se dar o luxo de cobrar uma quantia muito pequena para conseguir clientes. Já o fotografo profissional, aquele que vive disso, tem que pagar contador, aluguel de estúdio, funcionários, diárias, entre outros. O profissional acaba prejudicado, pois o consumidor não enxerga isso, apenas que um cobrou R$250,00 por um tipo de serviço e o outro R$900,00. Hoje, alguns destes profissionais estão tendo que abaixar seus preços para continuar obtendo clientes, e é ai que o problema começa.
5- Há vários tipos de fotógrafos: eventos, moda, paisagens, fotojornalismo, fotos publicitárias, entre outros. Qual tipo de fotógrafo você é? E qual você quer ser?
R: Bom, como a maioria dos fotógrafos que começam, a porta de entrada para o mercado é o de eventos sociais, como casamentos, aniversários e eventos em geral. Porém, estou migrando agora para fotografia publicitária, que, em minha opinião, é um trabalho mais prazeroso, pois você tem quase 100% de controle sobre aquilo que está fotografando, diferentemente dos eventos onde você depende do ambiente em que vai e de como as pessoas querem que seja.
6- Suas fotos retratam inspirações pessoais?
R: Com certeza. Acho que meu ponto forte é fotografar crianças. Tenho impressão de que pelo fato de eu adorar crianças, me achar um crianção e ter dois filhos, é uma coisa que naturalmente sai com satisfação, sem muito esforço. Amo cores, amo criança e seu jeito espontâneo, e tenho certeza que isso é retratado em muitos de meus trabalhos.