O diretor Alex Garland, até agora, já dirigiu 3 filmes; Ex-Machina – Instinto Artificial, Aniquilação e seu mais novo longa, Men. E em todos eles já percebemos uma situação em comum: que o cineasta inglês gosta de mulheres como o centro de suas narrativas.

Em Men, a protagonista Harper (interpretada pela talentosa Jessie Buckley) aluga uma casa no interior da Inglaterra para passar alguns dias após um traumático fim de relacionamento. Já nos primeiros dias Harper começa a se sentir perseguida física e mentalmente por alguns homens da pequena cidade.

SPOILERS ABAIXO

A partir de agora o texto contém spoilers. Caso não queira saber mais, pare o texto aqui. Caso queira, está por sua conta e risco.

 

Começando pelo relacionamento traumático, já na primeira cena do filme vemos uma Harper querendo sair de um relacionamento tóxico com seu namorado. O namorado, não aceitando o fim da relação, ameaça a tirar sua própria vida caso ela termine e ainda joga a responsabilidade na moça no caso de seu suícidio. Após brigas e discussões, a tragédia acontece com o rapaz se jogando do alto de um prédio.

Traumatizada e querendo apenas paz e solidão, Harper chega à casa alugada recebida pelo proprietário (interpretado competentemente por Rory Kinnear), um senhor de meia idade que não sabe bem como se portar, fazendo algumas piadas sem graça e inoportunas.

Já no primeiro dia Harper começa a ser perseguida de diversas maneiras por “diferentes” homens da cidade; um homem na floresta, um homem nu que a segue até sua casa, pelo padre da igreja, pelo policial da cidade, por um adolescente rebelde. Se você não entendeu o diferente entre aspas acima, todos os homens da cidade são interpretados por Rory Kinnear.

A partir daí simbolismos e entrelinhas não faltam no longa de Garland. É o famoso filme que a interpretação fica a “critério do freguês”.

Primeiramente, ao chegar na casa Harper come uma maça da árvore do quintal, dando a ideia do paraíso destruído – no caso, a sua paz. Também é descartado que tudo é fruto da imaginação da protagonista, o que torna o filme até mais difícil de interpretar. No caso do mesmo ator interpretando os homens, serão todos os homens iguais?

No ato final, um show de efeitos e muito gore de qualidade, onde todos os perseguidores da protagonista surgem como se estivessem sendo paridos. Será, novamente, todos os homens do mundo iguais? Será que Harper estava gravida de um menino e abortou? Ela superou seu traumático relacionamento?

 

Tecnicamente, Men é um filme muito bem desenvolvido, com efeitos e direção de arte impecáveis. Buckley se mostra cada vez mais uma atriz de ponta com mais uma atuação segura e muito competente. Kinnear está maravilhoso em todos os seus personagens. Por fim, Garland também vem ganhando notoriedade com filmes inteligentes, temáticas bem trabalhadas e que fogem dos padrões exaustivos de sempre.

NOTA: 8,5