Quando você acha que é difícil ver algo novo, sempre haverá mentes com ideias brilhantes. Este é o caso dos artistas plásticos Hugo Campos e Arthur Gerth, que criaram a Almeida /Gerth, descrita pelos mesmos como “uma fábrica de ideias”. Com a Almeida / Gerth, veio a Liga das Mulheres de Bem, uma homenagem às vilãs das novelas brasileiras e uma crítica à hipocrisia da sociedade, onde muitos se dizem bonzinhos.
Confira abaixo a ideia da Liga das Mulheres de Bem:
“Falem bem ou falem mal, assistam ou não, é inegável que a teledramaturgia é parte intrínseca da cultura brasileira. E como qualquer manifestação artística, traz consigo um quê de documental da situação político-econômica do país e também psíquico-cultural de seus habitantes.
Porém, as novelas são regidas pela tradição maniqueísta do melodrama latino. “Mocinhos e mocinhas” são verdadeiros poços de virtude e não se permitem pensar e agir naturalmente como qualquer mortal. Doutrinados e obstinados a serem exemplos dos bons costumes, de atitudes bondosas e de caridade fácil, esquecem que seriam representantes de seres humanos comuns, como qualquer um de nós, capazes de dividir dentro de si pensamentos bons e maus, comportamentos opostos e complementares essenciais e naturais de qualquer ser imperfeito. Apenas os personagens situados do outro lado do espectro são capazes de externar sentimentos, lógicas e éticas de moral duvidosa. Tornam-se uma exclusividade distinta dos maus agouros, da perversidade e maleficência. São a personificação, inversamente proporcional aos seus protagonistas, da falta de caráter reunida em um único ser.
Mas ainda assim, essas figuras autênticas, donas de uma personalidade única e estreita, são capazes de exercer fascínio sobre seus expectadores. Representam ousadia, coragem e impetuosidade. Inconscientemente, representam a voz que nos faltam, falando por nós, nos afastando da obrigação de sermos polidos, perfeitos e politicamente corretos por tempo integral. Porém, não apenas isso, tal atração também provém de um instinto sádico que existe dentro de cada um, onde o prazer e a realização em acompanhar a derrocada, a desforra e as tragédias nos aguçam apontar e criticar deliberadamente quem nos cerca, até porque, para existir a história tem que existir a complicação.
A confusão entre realidade e fantasia nos revela o que percebemos cada vez mais nos dias de hoje; a ascensão do anti-herói! O senso de justiça individual fazendo as pessoas agirem em prol dos interesses próprios e sem necessário medo de assumir isso e instalando o caos na sociedade contemporânea. Um equivocado senso de justiça colocado em prática sem filtros.
Resolvemos então, reunir essas personagens que fazem parte dessa memória nacional na “Liga das Mulheres de Bem”. A ironia proposta pelo título, vem de encontro a toda essa hipocrisia na divisão dessas personalidades personificadas em diferentes seres. Um culto a incongruência entre a moral e a indecência presentes em todos nós.
Almeida/Gerth , uma fábrica de idéias, surgiu da associação dos artistas plásticos Hugo Campos (Almeida) e Arthur Gerth. Com esse projeto, procuramos fazer uso do universo pop. A arte de rua foi uma das manifestações artísticas escolhidas a fim de ganhar maior voz em detrimento a expressões mais convencionais. O grafite atinge a população por inteiro a todo momento. Em tempos onde as manifestações populares permeiam o dia a dia, precedendo eventos de importância mundial como a Copa do Mundo e Eleições, seria uma maneira de chamar atenção não só ao discurso em si, mas a voz por traz dele. “Releituras sempre estarão presentes em nosso trabalho, podendo assim tomar dimensões e formas das mais variadas.””
Hugo Campos (Almeida) & Arthur Gerth
Registro em vídeo:
Para conhecer um pouco mais da Almeida Gerth, curta a página no Facebook clicando aqui e siga no Twitter e Instagram com a @almeidagerth. Abaixo você verá algumas fotos da manifestação artística citada acima e de alguns produtos disponíveis. E não esqueça de curtir a página do Artescétera no Facebook clicando aqui.