Nesta segunda edição do Filme Estranho Pra Gente Esquisita, vou falar de um filme que poucas pessoas assistiram, já que se trata de uma película que não entrou em circuito comercial. Se entrou, foram apenas para pouquíssimas exibições e/ou para festivais. Trata-se da produção norte-americana Upstream Color.
Teoricamente, a trama de Upstream Color não é tão complicada assim, mas ao assistir o filme, você sequer consegue um gênero para defini-lo. Resumidamente, a trama é sobre uma mulher que é sequestrada para ser cobaia em uma experiência na qual, ela fica em estado hipnótico e acaba perdendo todo seu dinheiro. Um tempo depois, ela conhece um rapaz com quem se envolve e, aos poucos, vai percebendo que ele pode ter passado pela mesma experiência.
Ao ler a trama, você deve imaginar “Mas isso não é tão diferente assim.”. E esse pensamento torna o filme mais interessante. Começando pelo fato que, quando sequestrada, um verme (cujo sua origem é de uma planta que solta uma substância azul) é inserido na protagonista, e é baseado neste fato que ocorre o 1º ato, mesclando a hipnose, o sequestrador instruindo a protagonista a lhe entregar todo o seu dinheiro e terminando com uma bizarra cirurgia entre a mulher e um porco, realizada por um desconhecido (que não é o sequestrador).
E a partir dai o filme começa a tomar forma (só que nem tanto). Após a protagonista ser “liberada” e sair do estado hipnótico, a trama começa a mostrar o drama da personagem ao saber que perdeu toda sua vida e sua busca por respostas. Neste meio tempo, ela conhece um rapaz com quem começa um relacionamento (e este rapaz é o diretor do filme) e no decorrer do relacionamento, ela começa a perceber que seu parceiro, pode ter passado pela mesma experiência que ela. Em paralelo, o filme mostra o desconhecido (que realizou a cirurgia com o porco) fazendo gravações do solo (???) e cuidando de uma criação de porcos que, pelo que parece, é a partir de restos mortais deles, é que nasce a planta que origina o verme causador da hipnose.
Entendeu? Eu tenho quase certeza que não (rs)
Agora, imagine toda esta confusão sendo mostrada de maneira poética. Pois é isso que o diretor Shane Carruth faz, dirigindo o filme com singular maestria, além da trilha sonora e fotografia impecáveis. O casal de protagonistas tem uma química estranhamente perfeita, convencendo mais que suficiente o espectador a sentir sua agonia. E destaque para a serenidade e competência do desconhecido criador de porcos, que foge de qualquer estereótipo cinematográfico (até de filmes independentes).
Upstream Color é um dos melhores filmes que vi nos últimos anos e com certeza merece ser assistido. Ainda não achei o DVD para comprar e acabei assistindo da maneira que mais odeio, pela internet. E ainda assim, consegue cativar e fazer o espectador refletir sobre…sobre o desespero, sobre o amor, sobre superações e, principalmente, como um filme pode ser belo e bizarro ao mesmo tempo. Confira o trailer abaixo e não deixe de acompanhar o Artescétera nas redes sociais Facebook, Twitter e Instagram.