A economia criativa (que engloba artes, arquitetura, design, publicidade, moda e tecnologia da informação, entre outras atividades) fechou o 3º trimestre de 2022 com cerca 7,8 milhões de trabalhadores alocados no segmento – um aumento de 9% em relação ao mesmo período do ano anterior. No intervalo foram criados 616 mil de postos de trabalho.
Apesar de positivo, o resultado ficou abaixo dos 17% de crescimento da oferta de emprego registrados pela economia como um todo. Os dados constam de relatório do Painel de Dados do Observatório Itaú Cultural, feito com base na Pnad Contínua (IBGE).
O levantamento aponta, ainda, que houve um ligeiro declínio no ritmo de criação de novas vagas no comparativo do terceiro com o segundo trimestre de 2022. Registra-se uma queda de 1% na oferta de vagas, eliminando 59,1 mil postos no período, com ênfase entre os trabalhadores especializados criativos que trabalham na indústria criativa (como arquitetos, publicitários, designers e outros que atuam em editorial, gastronomia, moda, publicidade e serviços empresariais e tecnologia da informação).
Para Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú, que congrega o Itaú Cultural, Itaú Social e Itaú Educação, apesar disso, os números continuam revelando a potência e relevância da indústria cultural e criativa para a economia brasileira como geradora de empregos. “Os resultados do próximo trimestre nos permitirão entender melhor se esta queda é uma tendência ou se foi um ponto fora da curva e compreender as razões disso”, diz ele. “Daí a importância de continuar acompanhando e criando séries históricas sobre o campo das indústrias culturais e criativas para os governos e empresas poderem tomar decisões e a sociedade compreender ainda mais a relevância do setor”, completa.
Os trabalhadores de apoio da indústria criativa (um contador ou um advogado que presta serviços para empresas do setor, por exemplo) foram os que mais se beneficiaram do aumento da oferta de vagas. Este estrato registrou aumento de 16,4% no número de postos ofertados (413.652 mil novas vagas) entre o 3° trimestre de 2022 e o mesmo período do ano anterior.
As vagas para trabalhadores incorporados (profissionais criativos empregados por setores não criativos, como um designer atuando no setor automobilístico) cresceram 10,7%, o que representou abertura de 195 mil novos postos entre o 3º trimestre de 2022 e igual intervalo de 2021.
No estrato dos trabalhadores especializados criativos que trabalham na indústria criativa (como arquitetos, publicitários, designers e outros que atuam em editorial, gastronomia, moda, publicidade e serviços empresariais e tecnologia da informação) houve queda de -2% na oferta de postos. O encolhimento resultou no corte de mais de 43 mil vagas no período analisado. Já a oferta de vagas para os trabalhadores especializados em cultura (atuando nos setores de artesanato, artes cênicas e visuais, cinema, música, fotografia, rádio e TV e museus e patrimônio) cresceu 7%, com a criação de 51 mil postos de trabalho, ainda que o estrato tenha registrado queda de 12% no comparativo do 3º com o 2º trimestre de 2022.
Formalidade x Informalidade
O levantamento do Painel de Dados do Observatório Itaú Cultural registrou que os empregos formais cresceram 10% na economia criativa contra 9% na economia como um todo, no comparativo do 3º trimestre de 2022 com o mesmo período de 2021. Com isso 434,7 mil postos formais foram criados na economia criativa no período analisado.
As vagas informais, por sua vez, cresceram em ritmo menor na economia criativa, mas em patamar superior ao registrado na economia como um todo. O índice foi de 7% na indústria criativa contra 4% na economia como um todo. No comparativo do 3º trimestre de 2022 com o mesmo período de 2021, foram criadas 181,5 mil vagas informais na economia criativa.
Por região
Entre o 3º trimestre de 2021 e o 3º trimestre de 2022, Maranhão (37%), Mato Grosso (19%) e Roraima (17%) foram as unidades federativas com as maiores taxas de crescimento no emprego na economia criativa.
Já os estados que apresentaram maior crescimento em números absolutos de postos de trabalho no período foram São Paulo (295.576) e Rio de Janeiro (79.962). No período entre 2020.3 e 2022.3, todos os estados apresentaram variações positivas, com exceção de Sergipe (-35%), com uma queda de 21.499 postos de trabalho.
Gênero
Quanto ao gênero, observa-se que o perfil dos trabalhadores da economia criativa permaneceu basicamente o mesmo durante o período analisado. Esta configuração é próxima à configuração do total da economia brasileira, com uma maior participação masculina na composição da força de trabalho.
Na economia criativa, no entanto, a participação feminina é ligeiramente maior em relação ao total da economia brasileira. Em uma análise de 2020 a 2022, observa-se que entre 45% e 46% dos trabalhadores do setor são mulheres, com 55% e 54% de homens. No total da economia, no mesmo período, entre 42% e 43% são mulheres, e entre 57% e 58% homens.