A internet, junto com as gravadoras e produtoras, modificaram radicalmente o mercado fonográfico. Mesmo com o streaming pago é fácil você ter música gratuita online; CDs, DVDs e vinis se tornaram caros e inacessíveis para muitos, bandas já acabaram e outras sobrevivem apenas de shows.

Antes, quando 500 mil cópias era considerado fiasco de vendas para alguns artistas, hoje 100 mil é quase um milagre. Isto quando os discos são lançados em mídias físicas.

 

Metallica x Napster

Há muitos anos houve uma enorme briga entre o Metallica e o Napster, onde a banda não queria que as músicas fossem baixadas gratuitamente na internet. Pensando como banda, o Metallica tinha uma certa razão, pois a partir dali, junto com a massificação da internet, a pirataria que já era uma prática comum, se tornou mais acessível ainda.

Por um tempo a internet foi odiada justamente por ela tirar boa parte do ganha pão de vários artistas e fez com que muitos “fechassem as portas”.

 

napster

Mesmo antes da era streaming a internet não era de todo o mal e, por causa dela, muitos conseguiram o seu lugar ao céu. Um exemplo memorável foi da A Banda Mais Bonita da Cidade, com a musica Oração. O clipe foi lançado no Youtube e em poucas semanas já haviam mais de 5 milhões de visualizações.

 

Streaming x Músicos

O mundo se tornou digital e os streamings ajudam a combater a pirataria. Mas os artistas estão satisfeitos com o que recebem das tais plataformas?

Em 2020 Daniel Ek, CEO do Spotify, declarou que “Em toda a existência (do Spotify), acho que nunca vi um único artista dizer: ‘estou feliz com todo o dinheiro que estou recebendo com o streaming’”. Foi o suficiente para acender o pavio. Diversos músicos criticaram o Daniel, declarando que o empresário só quer saber de dinheiro e que o valor recebido por cada player é uma mixaria.

Do outro lado há as produtoras que não ajudam muito para venda física dos discos com os valores praticados. O CD e DVD perderam quase todo seu mercado. Hoje a maioria dos lançamentos são somente digitais. O vinil ganhou sobrevida há algum tempo e está com um mercado interessante, apesar do alto custo. A fita K7 tenta voltar às casas das pessoas aos poucos.

Os novos costumes da sociedade também não corroboram. Nas grandes cidades, principalmente, as moradias estão cada vez menores, influenciando totalmente a não compra de mídias físicas.

 

Quantidade x Qualidade

Hoje é delicado e conservador entrar na questão “qualidade” para música. Ainda mais que hoje os gêneros musicais estão cada vez mais próximos uns dos outros, socialmente falando. Mas é inegável que com a quantidade de novos artistas que surgem a cada dia fica difícil você prestar atenção em um, ou até em poucos.

O quesito qualidade se encaixa na questão de você se destacar com o seu trabalho. Artistas lendários disputam atenção com bandas surgidas há meses. E as vezes perdem. Não por serem melhores ou piores, mas pelos mais variados motivos; ora pelo público mais fiel não ser um internauta tão assíduo, porque quis manter as origens e não cativou o público com algo inovador e diferente, ora porque a banda nova aborda temáticas mais atuais. A lista é interminável e boa parte dos motivos dá-se pela mudança comportamental causada pela internet.

Esta mudança comportamental atingiu os vídeoclipes. Nos tempos áureos da MTV eram comum teasers dos clipes que seriam lançados. O público contava os dias para estar na frente da TV.

Hoje a repercussão de um vídeo é grande se o artistas estiver em destaque ou se há algum tema polêmico envolvido. Um exemplo relativamente atual é de Anitta, com o vídeo de “Vai Malandra“, onde fotos da cantora de biquíni vazaram e se tornou super aguardado.

 

Velha MTV x Nova MTV

Há algum tempo a música perdeu uma grande aliada. A MTV deixou de ser aquela que nós, da geração Y (ou cringes), conhecíamos. Antes era o principal canal para a cena, hoje sua programação é quase totalmente dedicada a seriados e reality shows.

Mesmo que haja ainda outros canais musicais, nenhum chega perto da força que a MTV tivera nos seus tempos de glória. No Brasil o VMB, tradicional premiação da emissora, foi extinto em 2012. Há quem sente saudades e há quem nunca ouviu falar.

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Smartphones x Shows

Com a massificação do smartphone até mesmo assistir um show se tornou diferente (lembra da mudança comportamental?). Os mega-eventos, que misturam shows com outras diversas atrações, ganham cada vez mais espaço e fazem, em partes, com que o interesse na música seja cada vez menor.

Na maioria das edições, o Lollapalooza e o Rock in Rio têm ingressos esgotados antes mesmo de anunciarem suas atrações. Ou seja, muitos estão pouco se importando qual será o line-up, mas o importante é estar no evento e postar os intermináveis stories e reels no Instagram. Não é uma crítica à estas pessoas, mas é um pouco preocupante que o interesse pela música, pelo show, pela banda diminui cada vez mais.

É claro que não podemos deixar de falar do lado positivo destes eventos, que sempre abrem espaço para artistas dos mais variados gêneros e tamanhos, que enaltece a diversidade e abomina o preconceito e que, mesmo numa escala diferente, ainda une as pessoas através da música.

 

Epílogo

Este texto não é para ser considerado uma solução, mas sim uma reflexão de como o mundo mudou em tão pouco tempo e do que podemos fazer para manter a música viva nos nossos corações. Nossas vidas estão se tornando cada vez mais digitais e o cenário não parece ter previsão de mudar.

Grandes nomes da música estão partindo aos poucos. Mesmo que 1000 novos surgem a cada dia, a quantidade de informação que recebemos faz com que esquecemos mais rápido. O mainstream ainda prefere escolhe gêneros para apostar suas fichas. Hoje muitos querem ouvir o artista e não a música.

Não vamos deixar a música morrer!