Não é incomum ouvir uma música e ter boas lembranças. Seja de uma viagem, de um amigo, ou de um momento importante na vida. É usando essas memórias positivas que a música se torna ferramenta na psicologia clínica para casos de depressão e ansiedade e que têm atraído cada vez mais adeptos. A ideia é levar o paciente para outro lugar, onde os seus problemas sejam esquecidos e a mente possa relaxar.
O grupo de rock, Lyria, costuma tratar de assuntos psicológicos, trazendo mensagens de superação e conselhos, abordando temas como ansiedade, depressão e até mesmo autismo, em suas letras. Não por acaso, fãs ao redor do globo enviam depoimentos que relatam a superação das adversidades, graças às mensagens positivas das músicas. A vocalista Aline Happ conta que é muito gratificante receber essa resposta dos fãs:
A banda costuma tratar de assuntos psicológicos, que vão de ansiedade a depressão, tratando também de autismo em suas letras. Não por acaso, fãs ao redor do globo enviam depoimentos que relatam a superação das adversidades, graças às mensagens positivas das músicas. A vocalista Aline Happ conta que é muito gratificante receber essa resposta dos fãs:
“Temos muitos fãs que lidam com diferentes problemas, ansiedade e depressão por exemplo, e nos dizem que nossas músicas os ajudam a seguir em frente. É muito bom saber que conseguimos ajudar as pessoas fazendo aquilo que mais gostamos. Nos sentimos de certa forma responsáveis pelos nossos fãs e isso serve também de motivação para continuarmos nosso trabalho”.
Mas a terapia clínica por meio da música não é para todos. É preciso que seja uma alternativa aceita por parte do psicólogo e do paciente, que chega à sessão com o interesse pela música. A psicóloga Cátia Guimarães explica que o profissional não pode optar pela terapia sem uma parceria. É preciso que aconteça uma interação ao longo de conversas, onde se descobre a aptidão da pessoa para com a música como fonte de relaxamento.
“Geralmente os pacientes, em um determinado momento da terapia, relatam que ouviram uma certa música e, que nesse momento da escuta, se sentiram bem. São nesses momentos que o psicólogo consegue introduzir a música como fonte de ajuda terapêutica”.
Graças às redes sociais, os fãs podem ter contato com os músicos e bandas que mais se identificam. E é nas redes sociais que o Lyria recebe depoimentos de fãs sobre a superação de adversidades, influenciados pelas mensagens positivas das canções, que sempre falam sobre ser forte e conselhos para a vida.
“Já nos falaram que sentiam como se as nossas músicas conversassem diretamente com eles, fazendo com que o sentimento de solidão desaparecesse. Por exemplo, um fã do Canadá nos contou que estava com depressão profunda por quase dois anos e que já não tinha mais esperanças. Então ele disse que ao ouvir nossas músicas, e apenas nessas ocasiões, as pessoas ao seu redor percebiam que seus olhos se enchiam de vida novamente. Felizmente, hoje ele está melhorando e inclusive já conseguiu voltar ao trabalho”, relembra Aline.
Essa forte relação da banda com os fãs gerou duas músicas do novo álbum, Immersion: “Get What You Want” e “The Rain”. A primeira foi composta pelo Lyria para um fã que, apesar de um quadro grave de doença degenerativa, tentava ser o mais positivo possível e viver a vida.
“Ele era um lutador. Apesar de uma condição de vida extremamente limitada em uma cadeira de rodas e um respirador, ele estava sempre de bom humor e tentava viver ao máximo. Ele é um exemplo a ser seguido. A música foi uma recompensa do nosso primeiro financiamento coletivo e foi inspirada em um tema que ele gostava muito. A letra fala sobre correr atrás dos seus sonhos, de ter responsabilidade e trabalhar duro para conquistar aquilo que você deseja”, explica Aline.
Já “The Rain” foi inspirada em um poema de um fã autista que superou as adversidades da condição. Tanto o poema quando a letra da música podem ser encontradas em seu livro “Human: Finding myself into the Autism Spectrum” (Warren Mayocchi).
Forte aliada na terapia clínica, a música não é uma imposição ao paciente. A música só é inserida no tratamento quando o psicólogo percebe no atendimento que o indivíduo está propenso a ter ganhos com isso. E nessa hora, não existe gênero melhor ou pior. Ou seja, não é provável que um rock vá funcionar para pessoas que se encontram relaxados ouvindo um samba.
“Na terapia clínica, o psicólogo trabalha com o que o paciente trás. Logo, o tratamento se desenvolve em cima do estilo de música na qual a pessoa se identifica. Não existe uma música própria que vá tirar alguém da depressão.”, explica Cátia Guimarães.
É importante ter uma válvula de escape para fugir dos estresses da vida cotidiana. Há quem se encontre cuidando de animais, outros se sentem melhor praticando exercícios, e ainda, há aqueles que relaxam ouvindo música. “Às vezes, nada melhor para sair de um quadro de depressão do que ouvir uma música escrita por alguém que estava, naquele momento, passando por algo parecido com o que você está vivendo”, finaliza Cátia Guimarães.